As novas religiões fazem desaparecer os curandeiros e feiticeiros em Moçambique
É verdade que a onda das novas confissões religiosas em Moçambique, fez desaparecer os nossos curandeiros e feiticeiros?
A relação da religião e da superstição, do culto e do oculto, pode basear-se na razão da ascensão de uma em detrimento do desaparecimento da outra ou simplesmente, a ofuscação. Assim como pode resumir-se na coexistência das duas ao mesmo tempo em forma de fusão, no contexto africano. Quer dizer, os desejos e ideais de enriquecimento rápido e sem esforço, através de milagres fez com que houvesse crentes e apologistas à superstição ou à religião.
Os desejos de prosperidade trouxe destaque dos curandeiros e dos profetas, pastores, apóstolos, etc, nas comunidades moçambicanas, até ao ponto de muitos ignorarem os princípios do trabalho árduo e do sistema educativo para atingir qualquer fim depositando confiança no poder sobrenatural.
Uma vez que, em tempos passados enquanto a religião perseguia e procurava combater a bruxaria, a superstição e etc, além do outro lado do hemisfério, hoje em dia, ela ganhou suporte na bruxaria para abranger o maior número de seguidores possíveis e penetrar no seio de muita gente.
A situação actual permite que de forma civilizada e pacífica, pessoas fracas mentalmente, se deixam levar pelo ego e ambição descontrolável, queiram sempre atingir um status elevadíssimo igual aos ídolos que seguem e fingem se inspirar nas redes sociais. É muita gente que pelo sofrimento, procure buscar conforto na superstição camuflada em religião. E os teatros apresentados nas propagandas, são comoventes a qualquer indivíduo que aprecie a facilidade de acesso à prosperidade, segurança e protecção.
Esta pode ser alternativa, que dispensa os processos evolutivos ensinados tradicionalmente na educação familiar e nas escolas para alcançar qualquer sucesso e atingir patamares altos. Em que ilude-se indivíduos em seguir essas vias, ditas obscuras, pois as outras são tidas como fatídicas e incertas. Estudar, trabalhar, atingir a liberdade financeira e viver do melhor que há no mundo, isso não é para amadores. Só as igrejas e curandeiros podem realizar os contos de fada e proporcionar sonhos almejados.
Tanto que há publicações e publicidades de rituais, oração, chás e tratamentos em banhos etc, para a satisfação de desejos e sonhos que por via de trabalho árduo, parece impossível de alcançar ou demorados. É frequente ouvir falar de riqueza e prosperidade na base de alguma obscuridade e audácia, a coragem que alguns têm de usar as práticas ritualísticas para tal em qualquer parte do mundo com qualquer raça humana.
Por aí, andam também seitas que propagam propagandas sobre enriquecimento rápido até sem sacrifício humano, muito menos sangue envolvido nos rituais. Essa obsessão que o ser moçambicano tem pelo sucesso e realização, dá tudo o que for necessário em troca antes nunca pela salvação e bem-estar espiritual. Não só os materialistas tornam-se obssecados, como também os verdadeiramente idiotas.
Devolvendo a esperança aos desesperados, através da fé cega que nos chega nas propagandas e publicidades em panfletos, banners, TV's e rádios, e a pretensão baseada na prosperidade sem a necessidade de consciencialização de que todo sucesso depende de muito trabalho árduo do indivíduo, gente entrega-se de corpo e alma nas diversas congregações religiosas, sem moderação nem algum questionamento.
As religiões de prosperidade que dizem que dão o que se deseja em troca da alma, fazendo crer ao indivíduo que somente as orações, rituais e crenças podem o fazer alcançar grandes feitos, sem pôr a mão na massa. Tornando assim, as casas de adoração uma fasquia, lojas de compra da sorte.
Poucos têm a consciência de questionar uma vez que sublinha-se ser penalizado possuir essa capacidade, é pecado. E de facto a religião tornou-se em Moçambique, uma oportunidade de negócio próspero com receitas avultadas sem associação aos tráficos de drogas, humanos, armas, influência, etc, é um ramo de negócio promissor.
O Estado, o Governo e o poder
Nesta senda, o país sendo laico, declaração constitucionalmente plasmada, faz o seu papel respeitando todas as religiões e sem muito puder de exercer a actividade disciplinar, uma vez que, muitos dos seus servos são crentes e acreditam ter alcançado as posições de cimeiras na vida pessoal e cargos respeitáveis no governo que conduz o tal Estado, através dos milagres da Igreja ou na base da religião, não podem de nenhum jeito agir sobre esta ou aquela religião.
Uma questão de equitatividade e igualdade de direito de exercício das actividades religiosas ou supersticiosas, que já é difícil de distinguir. Contava-se que o curandeiro, que trata-se de casos excepcionalmente difíceis e quase impossíveis que superaram a medicina legal, nunca era jovem. Tinham categoria de "anciens".
Quanto mais velho, maior for sua idade, mais qualidade havia nos seus tratamentos. Os que apreciam os vinhos têm essa mentalidade. No entanto, os curandeiros, magos, mais competentes e poderosos, eram os mais velhos e estes revelavam-se mais quando tornavam-se mais velhos ainda. Passava-me na cabeça que isso acontecia quando estivessem na véspera da sua morte e já tinham treinado um possível candidato à sua substituição.
É num processo espiritual, hipoteticamente profético, sendo esses velhos curandeiros mais velhos ainda, eram reservados à muita experiência. Atribuía-se a ele também, muita sabedoria. O conhecimento absoluto e inquestionável era a ele atribuído.
Neste caso, me consta ainda que eram eles a indicar ou fortificar o próximo líder ou a pessoa indicada a conduzir os destinos políticos de um determinado povo. Pouco sei sobre isso escrito. Deve ser ocultado propositadamente e o mais interessante vem mais adiante revelar a razão desse ocultismo.
Eles é que, ao invés de termos padres e pastores como os conselheiros dos nossos líderes ou dirigentes, sejam eles nomeados ou eleitos, nós tínhamos os curandeiros ou feiticeiros como conselheiros dos nossos líderes. Assim, conta-se como tantos outros conduziram e venceram várias batalhas traadas na altura entre clãs, reinos até a guerra, luta de libertação nacional, onde consequentemente, por alguns terem sido muito bem preparados pelos seus curandeiros e feiticeiros, ficaram com a guerra nas veias tanto que depois do colono ter mudado de estratégia, continuou-se com as lutas, já entre os ditos vencedores da luta de libertação, entre eles.
Essa fase já era uma rivalidade de reivindicações sobre quem tinha o curandeiro mais poderoso. Quem foi preparado por um mestre mais mestre que os outros. Era para mostrar quem ostentava a bruxaria mais potente que mais teve peso na luta de libertação e o colono virou espectador de bancada na qual fazia apostas e pagava aos envolvidos para ver quem sai a vencer e tirar partido da diversão que hoje continua em moldes parlamentares.
Para terminar, sendo jogo, Estado, Governo liderado por materialistas, e estes junto dos seus concorrentes partidários, como parte da diversão imperialista para connosco, isso resume-se, como hoje vê-se em negócios. Há uma vil concorrência e uma forma de vencer o jogo ou e é fazer melhor que o oponente ou é também eliminando o oponente que se ganha a concorrência.
Independentemente das regras, um deve reinar. Só um. O mais potente, o mais ardiloso é o merecedor, o vencedor. Para evitar a concorrência - jogar sujo é válido. Se não foi a religião a acabar com a superstição, os nossos curandeiros e feiticeiros; então, só deve ter havido uma possível fusão, para permitir que o ser, indivíduo egoísta, continua-se a reinar sob a base da fé religiosa garantida com a crença supersticiosa.
Esta pode ser a hipótese irrevogável para a existência das duas práticas no mesmo plano espiritual.
Para evitar que um curandeiro preparasse um outro candidato, ou o oponente fosse lá buscar o preparo e voltar a competir em pé de igualdade, caso saísse vivo e a ambição de liderar permanece viva dentro do outro egoísta concorrente, o primeiro a tomar o poder ou melhor a magia, o poison da invencibilidade, eliminava o curandeiro que lhe tratava. Assim ele tornava-se único detentor do poder, invencível, evitando que haja a concorrência.
Por tanto, deve ter sido o ego, ambição desmedida de alguns dos nossos líderes e dirigentes, que fez desaparecer os curandeiros e feiticeiros que eram, são parte da nossa identidade. Essa gula, ambição desregulada pelo poder, deve ter sido o motivo que fez nossos curandeiros desaparecerem.
Hoje em disputas quotidianas nos diversos meandros da nossa sociedade moçambicana, por exemplo: no combate ao terrorismo, o uso da superstição, quem a substima tem poucas chances de sobreviver. Ter uma Bíblia, um Alcorão e uma almofada do bolso, missangas e outros amuletos dão mais esperança e confiança de sobrevivência que uso de qualquer tipo de arma sofisticada. E antes de discutirmos chamem os guerrilheiros e revistem-lhes primeiro.
As religiões actuais com a ganância de ter mais clientes, aliás, crentes,CRENTES, devem ter usado esse recurso também. Bruxaria resolve muitos mal-parados quando a palavra de Deus demora ou mesmo que Deus não ache justo que se queira satisfazer certa ambição vaidosa e perniciosa.
Ela, a bruxaria salva muitos quadros e funciona bem melhor que qualquer técnica de marketing. Antes de discutir, quero as aulas de economia e finanças, que os muenhes têm sobre negócios, onde só vende duas agulhas, em um ano, conseguem construir casarões e comprar carrões. Esses são os verdadeiros utentes das crendices. Sem exclusão dos artistas de renome na praça, apresentadores de tv, locutores, atletas, jornalistas e outros empresários e empreendedores de sucesso, bem os influenciadores e Couach's.
E deste jeito, para evitar concorrência privatiza-se um curandeiro como gostamos de individualizar as coisas e o bem público, até a governação de um país ou elimina-se (tirando-lhe a vida), para evitar transformar os nossos concorrentes em oponentes fortes ao sucesso. O resto não vou entrar em detalhes. Só queria que ainda os curandeiros continuassem nas tocas onde praticavam suas actividades tranquilamente sem que fossem discriminados nem eliminados por razões que deixei de ficar. A criação da AMETRAMO, não pode ser um empecilho à existência dos nossos curandeiros/feiticeiros.
É um legado deixado pelos nossos antepassados e por rejeitar esse legado hoje não temos alma nem espírito para reivindicar. Os europeus cresceram a saber que África é para ser descoberta e explorada por mais que isso resulte em guerra. Nós precisamos dos curandeiros e feiticeiros para nos fortalecermos das INVASÕES bárbaras e nefastas. Para terminar, podemos estar sujeitos a dívidas agravadas com os nossos antepassados e que Deus reserve essas questões no dia do juízo final.
Nenhuma cultura é inferior a outra até que seja normal falar do quanto a nossa linhagem sobreviveu até hoje sem a medicina legal, a religião europeia e asiática. Só de lembrar que muitos nasceram e governaram Estados africanos vindo do parto realizado pelas anciãs e não por parteiras. Ainda hoje tendo parteiras há muita morte por falta de assistência técnica da medicina legal em razão de "se fazer a maternidade sem amarrar notas nos cantos das capulanas".
A vida de um cidadão corre risco e perigo se não tiver esse refresco, com os nossos curandeiros não era assim tão exagerado, até porque primeiro era o tratamento e depois voltava-se agradecer. E desse jeito, hoje os profetas da prosperidade tem tabelas de preços sobre seus serviços. Ainda por serem cautelosos, mobilizaram seus seguidores a legalizar o aborto para garantir que o próximo messias não venha nunca estragar os seus negócios.
Porém, não vale imaginar que um dia, se um profeta conferir poder e sorte a um indivíduo, por precaução, este indivíduo poderá optar de alguma forma em eliminar o profeta para que não haja um outro com sorte e poder igual ao seu. Por essa via desapareceram muitos curandeiros que trataram grandes quadros nesse país. Nisto não se pode imaginar.
Saudações
Interessante abordagem e contemporâneo
ResponderEliminarUma lente interessante de ler os problemas transversais
ResponderEliminarBoa visão , interessante o artigo
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