Eduardo Mondlane: Figura Pública ou Propriedade Familiar?

Um Debate Sobre o Legado e o Direito ao Uso de Seu Nome. 

EDUARDO CHIVAMBO MONDLANE

Eduardo Chivambo Mondlane (1920-1969)

Há coisas que não cabem na mente de qualquer moçambicano de diligência média.

Anda nas Redes Sociais um suposto comunicado da Família Mondlane a pretender dar aulas ao povo, sobre quem deve e quem não deve fazer uso do nome de Eduardo Mondlane. 

Um verdadeiro não assunto. Um tema tardio, retardado e desnecessário. 

Eduardo Mondlane não pertence à família Eduardo Mondlane. Eduardo Mondlane é uma figura trans-familiar, trans-tribo, trans-provinciano. 

Eduardo Mondlane é uma sombra que, a todos cobre e, qualquer moçambicano pode reivindicar para si o uso do seu nome, ele é figura pública.

O nome Eduardo Mondlane já não é assunto familiar. É assunto de todo um povo. 

De contrário,  um dia vão ter de mostrar onde é que a família Mondlane assinou, a dar o seu consentimento para que Eduardo Mondlane fosse proclamado Herói Nacional ou, em sentido contrário,  vai ter de nos mostrar onde é que o Povo Moçambicano deu o seu consentimento para que Eduardo Mondlane fosse proclamado Herói Nacional.

Terá a família Mondlane de mostrar aos moçambicanos onde consta o consentimento familiar para que o nome de Eduardo Mondlane fosse atribuído à primeira, à mais antiga e mais prestigiada Universidade moçambicana. 

Terá de mostrar quem foram os membros da família Mondlane que deram autorização para que a imagem de Eduardo Mondlane constasse das primeiras de Metical, em 1980.

Em que Boletim da República constam as assinaturas da família Mondlane,  a darem o seu consentimento para que a Avenida Pinheiro Chagas passasse a ostentar o nome de Eduardo Mondlane, onde toda a gente pisa. 

Na mesma linha, que se apresente o acto de consentimento da família Mondlane para que os seus restos mortais fosse depositados na Praça dos Heróis e não tenham sido levados a Nwadjahane, Manjacaze, sua terra natal.

A este ritmo, a família Mondlane poder-nos-á surpreender com uma cancela ou posto de controlo, lá pelas bandas de Nwadjahane, a fim de controlar quem deve e quem não deve visitar a aldeia natal do homem que crescemos e vivemos sabendo que é Herói Nacional. 55 anos após a sua morte, 50 anos após a Independência Nacional é que vêm nos querer dizer que Eduardo Mondlane já é propriedade da familia.

Moçambique,  país com mais de 800.000 quilómetros quadrados,  mais 3.000 quilómetros de costa, país com milhões de pobres, será que faltaram assuntos.

A família Mondlane por esta altura deveria vir a público dizer-nos se o  estágio actual de Moçambique e do seu povo, condiz com o ideal de Eduardo Mondlane,  contido na obra "Lutar por Moçambique". 

Um pedido: 

Deixem a figura de Eduardo Mondlane ser usada por todos, para que um dia não venhamos assistir a cenas tristes como aquelas que, vezes sem conta, a Imprensa nos mostra, de multidões enfurecidas, a derrubar estátuas de pessoas que durante décadas, foram tratadas como heróis dessas mesmas multidões. 

Tentar privatizar a imagem ou o nome de Eduardo Mondlane,  no lugar de o engrandecer,  reduz-o. É forma de provocar discórdias num assunto que era um dado consumado e consensual.

Da proxima vez que faltarem assuntos que contactem a 2M ou a Heineken, para terem inspiração.

Comentários

  1. Votar em Venâncio Mondlane e no PODEMOS é, mais do que uma escolha política. É um compromisso com a realização plena do sonho do nosso Moçambique.
    É uma forma de dar continuidade à visão de Eduardo Mondlane, e reafirmar o nosso compromisso com um futuro verdadeiramente livre e próspero para todos os moçambicanos.

    Temos um novo visionário jovem, prestes a levar avante os ideais dos nossos heróis.

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