Sobre os Óscares 2022: Will Smith & Chris Rock
Sobre os Óscares 2022: Will Smith & Chris Rock.
Paulino Intepo
Normalmente não acompanho esse evento e de raspão, "as vezes", ouço os rescaldos dos destaques de quem ganhou o que e quem foi nomeado para que, mas nada ganhou, coisas de gênero. Desta vez, como de sempre, acidentalmente, perco sono às 04 horas de madrugada, e vejo pela TV, a RTP, num programa dedicado ao cinema a falarem do recente filme do Will Smith, como candidato forte ao prémio mais aclamado do mundo do cinema.
Deixei passar mesmo tendo acompanhado o programa até ao fim. De repente, na página da rede social de uma das contas que sigo, fonte de notícias no Telegram, está lá, horas depois da realização do evento, a situação entre dois negros: Chris Rock levou porada do Will Smith, alegadamente por ter falado na sua apresentação humorística sobre a Jada Pinkett Smith, à qual ainda sendo a mulher do Will, foi diagnosticada e dizem sofrer duma doença relativa ao sistema imonologico folículos pilosos que causa a consequente queda de pêlo e cabelo.
Mas então, por opção a Jada resolveu raspar o cabelo. Entende-se dessa forma que ela está aprendendo a conviver com a doença. Independentemente das causas que podem advir, quer-se acreditar de que ela encara a doença de forma positiva. Isso é o que interessa e é disso que podemos falar. A atitude do Will logo a prior é repudiavel e o próprio admitiu. O Chris não meteu a queixa e entende-se que está de boa com o que se passou.
O importante a realçar seria a postura que ele tomou depois do acto intolerante que o Will tomou. Paciência, compreensão e tolerância são qualidades muito raras nos humanos. Os espiritualistas tanto falam disso. Alguns humoristas condenam ao Will pela atitude e perigando a carreira deles. Algumas mulheres elogiam o Will, mas as interpretações cor-de-rosa apoiam à atitude do Will, alegando que estava a defender a sua parceira e que muitos homens deviam seguir exemplo.
O Chris pelo que sei é um actor tanto quanto humorista. O humor e a comédia são sua arte e o Will, já foi humorista e sabe o quão grande é essa arte e sempre, se não apenas muitas vezes, é baseada em casos reais, chamam atenção à reflexão do quotidiano, criticando ou apoiando as causas e mostrando a face da vida onde rir participa muito no bem-estar de quem o faz, mesmo os lesados.
Aliás, muita mensagem vem sobre humor e não é qualquer retardado que faz rir pessoas. É preciso estar de bom senso para achar a graça da vida. Desde já, apoio à todo humorista moçambicano pese embora eu tenha dificuldades de admirar o humor nacional. Mas vai um forte abraço desde aos Tio Yados, Waro Waro, Calene, Makussacame e por aí em diante. São pessoas abençoadas.
A atitude do Will não foi boa sim e nesse negócio eu percebi outras coisas, que das quais passo a partilhar:
Enquanto, se é isso, a Jada supera a doença que não se sabe se o Chris sabia ou não ou se haviam combinado com Will para encenarem aquilo e chamar atenção. Eu vi nela algo que muitos moçambicanos não fazem, apremder a conviver com dificuldades e transformar em desafios e oportunidades, as tais dificuldades ao invés de ver como uma dor de cabeça ou cobra de sete cabeças e desatar a chorar, lamentar etc.;
No Chris vi um profissional que sabe estar e ser. Tomou rapidamente o controlo da situação, recompôs-se e a festa continuou. Será que teve a consciência logo, que foi profundo de mais e que mereceu a porada? Não. Fazer humor é um nível de criatividade que arrisco a dizer que só os iluminados podem fazer;
Acho que aquilo foi encenado com fins de desviar atenção das pessoas sobre os disparates que o Joe Biden declarou esta semana até ao ponto do Emmanuel Macron condenar-lhe ou recuar como aliado. Então, sendo uma vergonha que até a Casa Branca distanciou-se dos tais pronunciamento, não podia proporcionar um espectáculo como aquele, onde ficariamos a comentar enquanto procuram outros argumentos belicistas contra Putin. Quer dizer, desconfio terem feito aquilo propositadamente, para esquecermos o conflito entre Rússia e o mundo, onde me parece que a Rússia ganhou;
Para Jada é uma crise na saúde dela e deu para perceber que há quem presta atenção no visual dela, isso é de menos, mas ao mesmo tempo, o Chris viu uma oportunidade para aumentar o número da sua apresentação e lembrar ao mundo que ela existe. Aliás, se ele não tivesse o feito, eu não ouviria, talvez tão cedo, nome duma doença chamada "Alopecia Areata";
Nos anos noventa, a Jada namorava o Tu Pac, na altura, conta-se que ela havia pedido ao Pac que não, de nenhum jeito, agredisse ao Will. Então, o Will traiu a Jada, pois primeiro como homem atencioso, teria consultado se ela estava confortável com a piada e não logo partir para porada.
Para terminar, olha que muitos moçambicanos ficamos a condenar a atitude do Will assim como a do Chris, dizem que houve violência nos dois lados, violência física e violência psicológica. Então, houve erro nestes dois homens. Mas ninguém acha violência psicológica quando olham para uma chapa que ilustra o valor absurdo que será gasto na construção ou reabilitação de alguma infraestrutura estatal. Não consideram ser violência psicológica o desvio de fundos e investigações sem fundamento que nunca responsabilizam o culpado. Quando se chora por segurança e defesa, e um general vem e diz que as FADM não podem ter dinheiro enquanto, ele nem tira um tostão do seu salário para sobreviver…
Bem, não quero e nem estou insinuando nada. Apenas queria partilhar uma reflexão sobre o cenário. E é desconfortável ver dois megros a se baterem enquanto os brancos se riem. Nada de racismo nessa abordagem. Lembrou-me um vídeo dum negro ainda se masturbando numa piscina e outras vergonhas que os pretos se revelam ser selvagem. Me distancio dessas atitudes. Eu também sou preto e se calhar ainda não assimilei a vida por isso essa minha visão turva.
No entanto, deixemos os problemas de Óscar com os actores em Hollywood, vamos procurar resolver o problema da fome, cá em Moçambique. Vamos tentar fingir pelo menos uns cinco anos, sem corrupção. Só para vermos uma coisa aí. Vamos tentar condenar os actos de sobre facturação, desvio do erário público, má gestão, péssima governação, bajulação desnecessária, ganância até feitiçaria inútil etc. Vamos lá só tentar mudar, melhorar a nossa vida, cuidar dela como um bem precioso, a saúde. Sem precisar se sujeitar às orações, rituais de prosperidade etc. Vamos nos focar no trabalho árduo, na justiça e no amor verdadeiro, no apoio mútuo entre nós, cá em Moçambique. Pois dizem que o povo é mais forte que qualquer movimento político. Mas esse povo só tem força quando ele é coeso, íntegro e solidário e unido no que der e vier para o bem das futuras gerações.
Finalmente, viva intensamente e na paz com tudo à sua volta. Não leve a vida tão a sério. Pois, podes fazer vergonha em segundos e ser lembrado por cem anos. Assim como podes perder essa vida num piscar de olhos. O que o Will fez foi feio sim, violência não resolve nem deve ser o meio de expressão de qualquer sentimento. Condeno em primeiro os que dão apoio militar à Ucrânia ao invés de optarem em negociações diplomáticas e poupam vidas. Pois a vida de qualquer semelhante importa que números no banco. O mundo do humor ficou com medo e abalado. Pois imaginem se o próximo apresentador for um Dolph Lundgren ou nas nossas apresentações precisarmos de um Manuel parte-coco etc. Isso não será nada bom.
Vamos viver em alerta e em harmonia. Para cada atitude, antes de partir para acção, vamos contar até dez e avaliar se vale mesmo usar violência.
Saudações!!
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