Ninguém merece amizades como as minhas

 Opinião Pessoal 12:


Ninguém merece amizades como as minhas.

Paulino Intepo
intepo1607@outlook.com

A quantos dias antes do suicídio!


No início, pensei assim, se eu criticar os meus amigos ou aqueles que o considero amigos, por não me apoiarem nesta ou noutros eventos que pretendo desenvolver, estarei a ser medíocre. Será uma atitude feia dizer o que sinto por não compactuar e não se simpatizarem com o que faço. Não será sensato de nenhum jeito, pois eles devem estar a fazer um grande favor e imensurável esforço de me ter como amigo.

Ou na pior das hipóteses, posso perdê-los para sempre. Vão me riscar, se não haviam feito, desta vez, vão me afastar dos seus círculos assim como o fazem quando estão desenvolvendo projectos, negócios e vidas, longe de mim e sem mim. Sem meu apoio e sem minha opinião. Eles vão me desertar nitidamente e sem sombra de dúvida eu serei o mais solitário neste mundo. Aliás, sou detestável, pois por isso não sou contemplado em nada que envolva desenvolvimento.

E porque não ser eu a envolvê-los? Por isso escrevo, partilho e espero a sua reação.

O medo de lançar algo e não ter impacto é a certeza que eu tenho. Não sei como consigo fazer amizades que não se identificam com o mínimo de coisas que eu desenvolvo. Tenho uma habilidade excepcional em encontrar pessoas do género que se opõem a qualquer movimento que eu tente. Vejo e sinto isso até dentro da minha própria família. Os meus irmãos e primos, acho que detestam e condenam tudo que pretendo desenvolver. Não concordam em nada que ponho a mão.

Quando senti ser repugnante, parei de partilhar as minhas músicas, pois nem meus irmãos e amigos faziam esforço de partilhar. Acho que os envergonho mais. Até um colega uma vez disse: se minha família dependesse da música que faço para sobreviver, teria morrido de fome. 

Não me deixei levar, apenas parei de partilhar as tais músicas; passei a fazer para mim mesmo; procurei um lugar seguro para guardar e assim posso escutar sempre que eu tiver Internet, fiz um santuário dos meus fracassos com este endereço: https://verbalyzador.blogspot.com. Lá eu guardo todas minhas vergonhas que me fazem feliz.

De seguida apaguei e eliminei a minha conta no Facebook, no Instagram e noutras redes sociais. Assim como parei de postar no status do meu Whatsapp e bloquear o status dos outros, coisas de gênero, como forma de me consolar e conciliar com a reclusão e rejeição.

Fiz nos outros o que é proibido de fazer, na pior tentativa de me salvar do abismo que interiormente me consome. Prefiro isolar-me e contentar-se como idiota, parvo ao invés de rotular parentes, amizades e mais vínculos, como invejosos, retardados etc. Os outros sempre tiveram um posicionamento certo e de qualidade perante a minha situação. São justos e honestos quanto a minha postura e os meus talentos e conhecimentos.

“Antes que você seja diagnosticado com depressão ou baixa autoestima, certifique-se de que não está rodeado por idiotas.” Sigmund Freud, disse uma vez e estou tentando aprender mais a viver comigo e descobrir a verdade da essência das coisas. Sei que as respostas das minhas buscas vão tardar chegar e posso não estar à altura de saber que chegaram. Por que sinto que:
  • Não é que não gostem de leitura e música ou a leitura e música não seja o forte deles, o problema é por ser eu o autor. O problema é envolver meu nome na autoria;
  • Não que sejam conteúdos ridículos que abordo. O problema é por ser eu a pensar nesse assunto. Se tivesse sido outra pessoa, eles até fariam a questão de vir ao meu encontro, como fazem, me fazer ouvir e ler o que a outra pessoa fez;
  • Não que não haja relevância nos assuntos que exponho, o problema é por ser eu a levantar as reflexões sobre isso;
  • Nada de errado existe em publicar artigos na Internet, o problema é que foi eu a pensar em fazer isso.
Então, tudo está associado à minha personalidade. Maluco, é como sou rotulado. Se calhar, ainda venha a ser. Mas este é o meu carácter. Se faço algo que não se aprecie, me ajudem a fazer o que terá notariedade.

Mas será que eu faço isso por eles? Os meus amigos, noto neles, que queriam que eu fosse alguém que não fizesse nada. Alguém derrotado, um fracassado. São pessoas à minha volta que não estão satisfeitas com meu bem-estar? Não me querem ver a prosperar. Sinto que eles acham que eu não mereço a ribalta e também acho justo esse posicionamento. Confesso. Não mereço destaque em nenhum mural nem como motivo de conversa por admiração.

São pessoas que o meu amor por eles é ilimitado. São indivíduos que só se lembram de mim, quando precisam de alguma ajuda até onde sei. Sinto que na vida só conheci pessoas que a minha existência é o maior desconforto delas. Pessoas que gostariam que eu não existisse, sempre que faço algo para firmar a minha presença, é um incômodo para elas. Sou repugnante. Por isso ignoram tudo que expresso.

Será que as minhas criações, as minhas escolhas, os meus projectos são tão ruins? Não sei. Até onde tenho a certeza, é que ninguém no mundo merece ter amizades como as minhas. 
Pessoas que sentem remorsos por ver o outro a evoluir. Cidadãos que quando queres chegar ao topo, ao invés de pegarem as escadas eles deixam cair e quando cais, se riem e perguntam: O que é que querias fazer? Onde é que querias chegar?

Às vezes aparecem ao meu encontro e pedem ajuda, internet para acessar sites, baixar conteúdos, ler artigos, interagir nas redes sociais e partilhar conteúdos diversos nas redes. Mas quando mando algo para eles, eles nada fazem como o fazem com os produtos dos outros que nem sequer conhecem sua moradia ou vida. É como se estivessem a me combater, me sabotando, me desmoralizando, me desencorajando seguir em frente… 

Mas aprecio as amizades dos outros. Vejo amigos a defenderem seus amigos, a pertilharem tudo do que o amigo faz e a reagirem de forma positiva e incondicional, felizes e animados por ter no seu seio um criador de alguma coisa, um artista, um mentor. Diferente dos meus ou das minhas amizades. Talvez os meus, estejam a me dar de volta o que lhes dou, mas por dobro.

Ainda há coragem por parte de alguns, quando pessoalmente publico, partilho algum conteúdo da minha autoria, o meu melhor amigo vem à seguir partilhar um conteúdo, estranho, banal, estrangeiro e diferente, só para ofuscar o que acabo de partilhar/postar. Isso mágoa. Essa atitude dele dói ver isso acontecer. Com estes tipo de amizades é para aturar? 

Prefiro me afastar desses, não por considerar tóxicos e por falta de aprovação deles, venenosos são os meus conteúdos e sentimentos, para eles. "Não me afastei das pessoas, somente dos idiotas", diria a mim se um dia desaparecer de algum modo.

Ninguém caminha sozinho. O sucesso de muita gente veio da aceitação e compreensão, à custa do apoio prestado pelos seus familiares, amigos, companheiros etc. Mas assumo veemente que o meu fracasso veio e foi causado por mim mesmo. Deus deu tudo para dar certo, eu é que não soube aproveitar.

Escrevi para todas as almas perecidas, vítimas de qualquer forma de descriminação e infortúnios por parte das pessoas mais próximas, que partilham conteúdos bíblicos e sagrados, mas nunca dão atenção necessária, ainda que barata, aos que sofrem de algum modo. E consolar aos mortos, pese embora que acredito que eles sabem melhor que eu, que o mundo dos vivos é perverso, não te quer vivo, mas sim fica disposto em fazer qualquer coisa para te ter de volta depois de partires.

Ao:
2º Tenente Navegador, Mendes Manuel. Que descanse em paz!

É mais fácil estar rodeado de pessoas para discutir banalidades, que o resto das coisas essenciais para vida.

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