O Desconforto causado pelos excessos de pedidos de contribuições nas redes sociais
Opinião Pessoal 14:
O desconforto dos pedidos de contribuições nas redes sociais.
É desgastante e ao mesmo tempo triste, se não aliviador também. Mas enfim, é real e incontornável, a situação que se vive nos grupos quando se trata de ajuda, de apoio social e de assistência solidária, mútua nas redes sociais. Seja para preservar os vínculos e laços que nos ligam, seja para manter aquela base humana e de certa forma, firmar o apreço, expressar o carinho e sentimentos positivos para connosco e para com os outros seres humanos em nossa volta.
Enquanto eu desistia do Facebook nos meados de 2019, e procurava a todo custo sair de tantas outras redes sociais e sem sucesso, devido a frustração das crises provocadas pelos postes e a falta da aceitação dos demais perfeccionista das redes sociais, dava-me conta sobre as publicações de eventos, dos convites de adesão a este e aquele serviço que praticamente vimo-nos a sair de anúncios, de televisão, propagandas de rádios e jornais, avisos e notificações endereçadas aos e-mails, para a publicação global nos fóruns e murais dos inscritos e usuário das bigTechs.
Nada era tão grave assim. Mas com o surgimento de grupos criados no WhatsApp, particularmente, onde os integrantes são especificamente indivíduos ligados por certas razões, circunstâncias e vínculos: família, amizade, trabalho, vizinhança e negócios ou mais. No entanto, nota-se uma avalanche desconfortável sobre os apelos de manifestantes e mobilizadores de apoio solidários aos membros dum grupo.
Falo concretamente das mobilizações de contribuição em valores monetários, dinheiro para ajudar um membro do grupo ou família, pelo desaparecimento físico, envolvimento em acidente, a perda de um familiar, ente querido, coisas de gênero. É forma de prestar condolências nos dias de hoje.
Foi exatamente com a vinda dessas redes sociais, que surgiram novas formas de interação e convivência na sociedade moderna. Adotando formas remotas ou definitivas, com tolerância e moderação ou radicalmente, mudanças houveram em ambas as circunstâncias de convivência tradicional ao real, contemporâneo ao virtual, perfeita dicotomia para definir o cenário cidade e campo, evoluído e retardado, analógico e o digital, finalmente uma nova abordagem da realidade, influenciada pela projeção da Internet das coisas à inteligência artificial. Reforma radical na comunicação entre os humanos.
Desprezo o meu conhecimento em relação às profundezas dessa nova área, técnico-científica ou no ramo da tecnologia simplesmente, mas excitado para debruçar sobre o complexo assunto de publicações de comoção sobre as contribuições para ajudar quem necessite ou realmente precise.
Que porventura manifeste a aflição, ou seja por mediação, iniciativa dos membros do grupo, ou seja ainda, pelo sorteio de quem se beneficiará das campanhas de mobilização para se contribuir e canalizar. Porque pelo sorteio?
Por incrível que pareça, nem todos têm o mesmo nível de influência dentro do grupo e assim como, o mesmo nível de intimidade aliado à sua popularidade, dentre os elementos ou membros que promovem as contribuições no grupo à favor do visado, da vítima para tal propósito.
Notando-se desta forma as divergências e problemas de igualdade e equidade, condicionando os relacionamentos na sua maior relevância dentro do grupo entre os membros. Emergindo dessa forma seletividades, problemas associados ao complexo de inferioridade e discriminação, que resultam em exclusão.
Estes condicionalismos de tratamento que alguns membros do grupo têm tido, de forma diferenciada, podem ser moderados ou completamente erradicados, basta se ter consciência da sua existência e consequências se ignorados. Porque são frutos de factores humanamente criados dentro do grupo e de forma despercebida, deixados crescer. Quero dizer, que suscita a existência de um grupo dentro do grupo. No qual nota-se que uns merecem mais atenção que os outros. "há mulatos e negros na mesma comuna".
No entanto, há os que só merecem apenas palavras de consolo e conforto, enquanto os outros mais que palavras, desencadeiam ações concretas, com regime obrigatório, num ambiente de coação psíquica e persuasão, para que todos participem contribuindo com valores ditos "simbólicos". Enquanto o colector ou a comissão preocupa-se em fazer as contas de quanto é que se arrecadou.
Além dos sentimentos de conflitos que cada um manifesta isoladamente em silêncio de diferentes formas, causados por essa descriminação que acaba em exclusão, quando um ou todos são forçados contribuirem com valores, enquanto uns optam por ideias de confortar as vítimas, simpatizando-se com palavras de consolo, ignorando, se envolvendo ou mesmo indo ao encontro ou presenciando fisicamente, postando nos status etc. Há quem manifesta outro posicionamento, que nem se encaixa na neutralidade, nem na imparcialidade.
É facto que essas exposições de eventos, tem sido na realidade melancólicas, tristes e embaraçosas, senão tóxicas quando frequentemente são apresentadas, principalmente pelas mesmas pessoas, mudando-se apenas de narrativas e situações, apenas. Pois nem todos os membros do grupo tem o mesmo nível de comoção em relação aos acontecimentos apresentados.
O nível de assimilação é diferente e varia para cada indivíduo. Imagine em grupos menores como devem se sentir os que não contribuem e os excluídos enquanto rola a lista?
Não se trata de despertar aborrecimentos face a essas questões, que pela sua frequência, nos grupos numerosos cria desconforto aos mais compassivos e sentimentalistas; indiferença aos ditos espiões, que podem por vezes se sair bem, ocultando sua presença por ausência das atividades nos fóruns e nas conversas; dissabores aos que não podem contribuir por razões alheias a sua vontade ou falta de dinheiro, no momento em que ocorrem as recolhas das "ofertas".
É concernente ao posicionamento sobre suspeita e dúvidas da credibilidade e da veracidade dos factos expostos, bem como da falta de peso de consciência dos que se fazem ser vítimas, por falta de honestidade, pela falsidade e chantagens que podem estar por detrás dos apelos e pedidos de ajuda.
Pois quando são publicados frequentemente, para as mesmas pessoas, mudando apenas de situações, em grupos numerosos, em relações aos que raramente lhes acontece algum infortúnio inferior ou igual e preferem não anunciar publicamente, sempre que estão nessa ou naquela situação embaraçosa, pela consciência de que é natural.
Ou ainda, que por vezes os dramáticos não se dão conta da ocorrência dos casos. Este aspecto, traz um desconforto parcial e culposo por fazer parte do grupo onde sempre se deve contribuir sob alegação e ameaça que no futuro, se estiver nas mesmas circunstâncias ou piores, possam ser retribuídos com a mesma atenção que prestam aos demais.
Os que são "santos" sofrem por isso, tentando cumprir com a orientação canónica de ajuda ao próximo. Ao passo que, os que se fazem passar de vítimas, sempre estão numa situação penosa, fazem sofrer os outros pelo oportunismo das suas fraquezas e elevado senso humano na bondade e preservação, da boa convivência, sob convicção de ajuda mútua expressão de benevolência natural. Podem se sentir explorados.
Castigam os sensíveis, sentimentalistas, quebram o sossego dos bons nas suas más intenções de promover os incessantes pedidos. Sem sombra de dúvidas, os burladores natos dentro do grupo se saem bem nos primeiros momentos, às vezes constitui uma fonte de renda de uns e perdição dos outros.
Mas o que fazer!? São circunstâncias e é o que a vida nos prega. Pese embora não sejam pedidos ou mobilizações às vezes de carácter obrigatório, é incómodo saber sobre isso assim como trazem sentimento de pena e culpa ao ignorar. Mesmo quando estrategicamente são apresentados em forma de ideias e opiniões como, "... que tal se fizéssemos uma contribuição para…". Trazem desconforto e poucas vezes sobra aquela coragem de alguém se pronunciar contra, apontando que é um absurdo ou irrelevante. Ou mesmo custa se pronunciar para delimitar parâmetros de quais casos devem merecer atenção.
Uma vez que, até há grupos que mesmo na ausência de casos fúnebres e doenças, incluem ocasiões especiais como os de felicitações aos aniversariantes, casamentos, nascimentos, novas aquisições e conquistas, etc.
Noto haver um vício nesse negócio de mobilização para contribuição. Emergindo cargos para alguns membros dentro do grupo, além dos administradores, surgem tesoureiros, secretários e por aí em diante. São novas formas de interação entre os humanos, que já ganharam o terreno, consolidaram-se e fazem parte da nossa convivência.
Mas em contrapartida, dificilmente ouvi falar ou ainda não presenciei mobilizações de contribuição de infortúnios como: para comemorar separações ou divórcios, que ao meu ver, deviam merecer destaques nesses grupos. Pois nem todos fins de relacionamentos são ruins como pensamos. Assim as receitas colhidas serviriam para ajudar na aquisição ou no investimento do visado para arrumar outro relacionamento.
Contribuição para celebrar por exemplo a perda de emprego e despedimento, por exemplo. Devia merecer alguma atenção por parte dos moderadores que mobilizam contribuições. Assim, as receitas obtidas podiam servir para o apoiado organizar-se para procurar ou subornar para ter outro emprego.
Para terminar, aconselharia o Estado, a ter alguma mão, algum poder sobre as redes sociais que operam no país, obrigando que cada grupo formado, tivesse lá um psicólogo ou psiquiatra e um agente, ferramenta de segurança nacional. Só por precaução aos grupos acima de 200 membros, devem observar esse requisito.
Aliado a isso, até poderia taxar a rede social que monetiza, que obrigam a ligar/activar a ferramenta de localização e etc. Como uma fonte de rendimento do Estado, pois os funcionários além de usar para produzir usam para queimar o tempo laboral nas instituições públicas.
Mas então, como lidar com a crise de abundância das mobilizações de contribuições nos grupos? Como chamar atenção à massiva mobilização de contribuições nos grupos? Como moderar os apelos e manifestos dos gestos humanitários? Como sobreviver nessa avalanche de solicitações de solidariedade nos grupos?
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Saudações!
Maputo, Abril de 2022.
Interessante artigo.
ResponderEliminarVezes há em que a pessoa sente-se socialmente e psicologicamente forçado a fazer a sua contribuição não por vontade mas por ser parte da sociedade embora tal acto não o coloque em posição confortável