O CASO DO CENTRO DE SAÚDE DE MITEME
Quando Denunciar um Crime Público se Transforma em Castigo
Em Moçambique, ser honesto muitas vezes custa caro. O exemplo mais recente vem do distrito de Tambara, província de Manica, onde um técnico superior de saúde, Paresse Filipe Paresse, viu-se transferido e afastado da sua função de director do Centro de Saúde de Miteme depois de denunciar aquilo que a comunidade considera crimes públicos cometidos por um responsável local.
A denúncia da população
Segundo relatos e testemunhos recolhidos, o chefe da secretaria da localidade de Miteme é acusado de práticas graves e repetidas contra a população. Entre as acusações constam:
Desvio de sacos de adubo destinados à comunidade;
Cobrança ilícita de 100 meticais por pessoa para que cidadãos pudessem entrar no Programa de Acção Social Produtiva (PASP);
Desvio de alimentos do Programa Mundial de Alimentação (PMA), incluindo sacos de arroz e óleo, que deviam aliviar a fome na região;
Fiscalização abusiva, com aplicação de multas exorbitantes: 3.500 meticais pela ausência de colete refletor e 2.500 meticais pela falta de capacete, valores manifestamente desproporcionais para a realidade local.
A população, cansada destes abusos, apresentou formalmente as suas preocupações à Administradora do Distrito de Tambara. Em vez de obter apoio institucional, muitos cidadãos alegam ter recebido ameaças, uma clara tentativa de silenciamento.
O preço da denúncia
Foi nesse contexto que o director do Centro de Saúde de Miteme, Paresse Filipe Paresse, tomou a decisão de denunciar os factos, cumprindo não só o dever moral de servidor público, mas também a responsabilidade ética de proteger os interesses da comunidade.
A resposta foi rápida: cessação imediata das suas funções de director do Centro de Saúde de Miteme e transferência forçada para o Centro de Saúde de Nhacolo.
Os documentos oficiais que sustentam a medida — um despacho assinado pela Administradora do Distrito (Despacho n.º 113/GDT/GA/2025, de 5 de Setembro de 2025) e a ordem de serviço assinada pela Directora do Serviço Distrital de Saúde, Mulher e Acção Social — deixam claro que a decisão partiu das mais altas instâncias distritais.
O que está em causa
Este episódio levanta questões profundas:
Que mensagem está a ser transmitida aos funcionários públicos em Moçambique? Se denunciar corrupção resulta em castigo, quantos mais vão preferir o silêncio?
Que protecção existe para denunciantes de crimes públicos?
Como pode a comunidade confiar nas instituições, se quem devia ser protegido é punido e quem é acusado de roubar ao povo permanece intocável?
A súplica por justiça
O próprio afectado resume a situação com palavras duras e claras:
> “Eu sou director do centro de saúde de Miteme, no distrito de Tambara, província de Manica. Me transferiram e me cessaram por motivo da denúncia do crime público que o chefe da secretaria da localidade de Miteme está a fazer. A população denunciou, alguns foram ameaçados pela ordem da administradora. Veja só os documentos que ela mandou para mim. Estou a pedir ajuda para publicar este mal.”
Conclusão: o silêncio não pode ser norma
Num país que se constrói sob a bandeira da luta contra a corrupção e em defesa da cidadania, casos como este devem ser amplamente divulgados. Não é apenas a carreira de um técnico superior de saúde que está em jogo, mas a própria confiança das comunidades nas instituições públicas.
Paresse Filipe Paresse não pede mais do que visibilidade: que a sua voz e a da população de Miteme não sejam abafadas. E cabe a todos nós fazer eco dessa denúncia.
Quer dizer em Moçambique ninguém deve cessar? Toda cessação é sinal de perseguição! Devemos mudar esse comportamento de Xiconhoca.
ResponderEliminarPorque nao foi transferido antes, idiota
EliminarVocê deve ser um doente diante dos factos, por que não cessou antes da denúncia? Bando de corruptos e ladrões do povo.
EliminarHÁ MUITA POEIRA.
ResponderEliminarEsse é o Moçambique real, onde a política mete-se em tudo, chefe da secretaria da localidade, é mesmo dizer membro ou simpatizante de um partidoX
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